O video de "violência escolar" na escola secundária Carolina Michaelis ontem divulgado nos noticiários televisivos merece-me dois apontamentos. Escrevo "violência escolar" entre aspas por ter sido o conceito dominante nos comentários que se ouviram de jornalistas, professores, comentadores e sindicalistas. Erradamente, do meu ponto de vista. Não que não se possa descrever aquele comportamento inqualificável de "violência", mas sim porque é apenas o aspecto mais visível do evento, podendo esconder da consciência das pessoas duas tragédias bem mais graves:
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1º. A influência virulenta das novas tecnologias nos comportamentos humanos, em especial dos adolescentes. Neste caso, o telemóvel parece ser um prolongamento do corpo da aluna; quase a razão de ser da sua existência.
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A presença das novas tecnologias nas escolas (mesmo a sua utilização em contexto pedagógico) tem efeitos mais negativos do que positivos, ao contrário do que nos querem fazer crer. Como já aqui referi, o contributo das novas tecnologias para aprendizagens efectivas não é mais importante do que o de um lápis e uma folha de papel. É apenas mais um meio. Os alunos que trazem os seus portáteis para a escola não o fazem para os utilizarem como instrumentos de trabalho. Os telemóveis são gadgets de diversão, raramente os utilizam para uma necessidade real de comunicação.
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Muito se escreverá num futuro próximo sobre o seu efeito sobre a (des)atenção, a memória, a (de)formação da personalidade...
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2º "A velha vai cair" é uma das últimas frases que se ouve no referido video, proferida por um aluno (eventualmente o que filmou o evento) e tendo como referente a sua professora. Há uma certa "ditadura da juventude" no nosso discurso civilizacional. Os seus efeitos são aterradores.
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