sexta-feira, 30 de abril de 2010

Santana Lopes revisitado

A República Portuguesa está num impasse: atravessa um momento da sua história em que não é possível discernir para onde vamos e com quem. O primeiro ministro já perdeu o direito à grafia em maiúsculas: anda tão desnorteado como Santana Lopes quando colocado à proa desta nau sem velas, inebriado de vertigem, a perorar dislates. José Sócrates mostra a sua desorientação na teimosia: "como não sei onde fica o norte, vamos sempre em frente - o futuro está ali, é verde esperança!", mesmo que todos o vejamos negro como breu. O que diferencia este momento do anterior é o grau de profundidade da crise: eleições antecipadas seriam mais uma pazada no fosso em que estamos. Falta saber se com ela não poderíamos encontrar um pouco de bom-senso, o ouro da contemporaneidade política. De que, parece, só a Cavaco Silva resta um pouco. Será suficiente?

quarta-feira, 21 de abril de 2010

O clamor!

A deputada Inês de Medeiros tem o manifesto azar de ter a sua residência oficial na cidade de Paris. Teve ainda a infelicidade de ser eleita como deputada à Assembleia da República pelo partido socialista, tributo dos eleitores ao seu percurso de serviço dedicado à causa pública. Não levanta qualquer incompreensão fundada, pois, que o Conselho de Administração da Assembleia da República tenha aprovado hoje um Despacho que autoriza o pagamento das suas viagens à Cidade Luz, para o seu justo descanso.
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Um clamor indignado avoluma-se por esta terra enjeitada. E não é que vem dessa classe mal-agradecida, desses privilegiados da nação! Desses, desses e dessas dezenas de milhar que, diariamente, percorrem com abnegação milhares de quilómetros de estradas inefáveis para cumprir o nobre rito da certificação escolar!
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Terão eles a suprema lata de exigir também "direito ao subsídio de transporte e ajudas de custo?!" Se assim é, avalie-se já o seu imperfeito juízo!