sexta-feira, 23 de outubro de 2009

Saramago sobre Vasco Pulido Valente

Tenho lido com admiração os artigos de opinião do Vasco Pulido Valente, mesmo não concordando sempre com os seus pontos de vista.
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Mas o seu artigo de última página no Público de hoje foi um erro. Um erro brutal. Ou seria Uma Farsa?
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Diz o Vasco, por várias vezes, de ângulos vários, que não é inteligente quem dá valor - seja ele qual for - a José Saramago. Sem rodeios. Bruto. Pouco polido, mesmo.
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Acontece que o Vasco não pode ter lido Saramago, ou, com maior probabilidade, não soube ler Saramago.
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José Saramago reinventou a língua portuguesa: deu-lhe uma dinâmica nova, uma outra agilidade; difícil de adestrar para o leitor comum, é verdade, mas de um fulgor que só me lembro de ver com igual regularidade em Camões. E são muitos os linguístas que o dizem.
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José Saramago não é tão genial na arquitectura dos seus romances, com duas ou três excepções. A alguns deles, de uma linearidade exemplar e com personagens extraordinárias (não me lembro de autores que tenham transformado animais em personagens tão sublimes, por exemplo), falta-lhes uma volta de tarraxa.
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Nos seus últimos romances (ainda não li Caim) é notória a sua decadência criativa. Natural, convenhamos.
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Falo do escritor, não do homem, que não conheço. Senão pelas suas opiniões mediatizadas. O Vasco confundiu os dois, o que é pena. Ou valente, se pretendia realmente Uma Farsa.
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O Vasco cometeu um erro brutal. Foi pouco polido. Eventualmente valente.
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segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Gatos ao Poder!

Por entre as nuvens cinzentas que abraçam a sociedade e a vida política portuguesas, a inteligência do humor fedorento deixa-nos alguma esperança. Nele descrutinamos mais saber sobre a realidade da economia, da educação e da política do que esta exibe e nos deixa perceber. Tanto assim é que nos questionamos: seriam os Gatos capazes de nos governar pior? Venham eles a escrutínio!