quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

A mentira é tão feia!

Os sindicatos de Professores dizem - com verdade - que a adesão dos Docentes à greve convocada para hoje é superior a 90%. Basta cada um de nós observar o que se passa na sua cidade, vila ou aldeia para o conferir.
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O ministério da educação diz que a grande maioria das Escolas "está aberta". Certamente, my dear watson. Basta que um Professor, no seu direito, tenha decidido dar aulas, para que a Escola esteja "aberta".
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Era preferível que o exmo. sr. secretário de estado dissesse que as Escolas estão onde sempre estiveram, evidenciando, assim, 100% de estabilidade. Toma-lo-íamos por desequilibrado, e não por estar a brincar com a verdade.
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É isto que temos: não um interesse genuíno no estado da Educação e na sua melhoria, mas sim fazer crer ao povinho que o governão tem razão.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Estes senhores são uns brincalhões!

Segundo Paulo Rangel, líder parlamentar do PSD, noticiado por vários jornais online, o Orçamento de Estado para 2009 inclui um Artigo - o 138º - (sem título: certamente para não dar nas vistas) que visa legalizar retroactivamente todo o processo de avaliação de professores, uma vez que todas as delegações de competência para a sua avaliação necessitam de ser publicadas em Diário da República e não o foram. Este artigo vem dizer que tais delegações ficam dispensadas de publicação. O que, segundo o referido político, é ilegal e inconstitucional.
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Ora, à parte os considerandos e demais quejandos legais e políticos, pergunto-me o que é que um assunto desta natureza está a fazer no texto do Orçamento de Estado? Se não fosse tão sério, pareceria brincadeira! Quando é que o Carnaval acaba?

sexta-feira, 26 de setembro de 2008

O Caos

Se os meios de comunicação social tivessem coragem para descrever o dia-a-dia das nossas escolas...

domingo, 27 de julho de 2008

Viva João Ubaldo Ribeiro!

O prémio Camões acaba de ser atribuído ao escritor brasileiro João Ubaldo Ribeiro. E com toda a justiça.
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Os jornais portugueses, na sua maioria, fazem referência aos romances A Casa dos Budas Ditosos e O Sorriso do Lagarto como as suas obras de referência, especialmente a primeira (como se a polémica que criou a sua publicação em Portugal fosse um carimbo de qualidade), o que só pode significar que os redactores de serviço não leram nenhuma delas. Jornalismo à portuguesa, pois claro.
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De resto, não se esperaria que lessem as 673 páginas da sua obra magna, Viva o Povo Brasileiro (nesta edição do Círculo de Leitores, de 1996). Quem já se deu ao trabalho - porque dá algum - de ler este extraordinário romance, sabe do que falo. Trata-se, certamente, de uma das maiores criações novelescas de sempre em língua portuguesa. E é tanto o que conta sobre nós! Deixo-vos parte do primeiro parágrafo, que, estou certo, tocará o espírito de quem gosta de literatura e ainda não teve o privilégio de ler este romance sublime:
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"Contudo, nunca foi bem estabelecida a primeira encarnação do Alferes José Francisco Brandão Galvão, agora em pé na brisa da Ponta das Baleias, pouco antes de receber contra o peito e a cabeça as bolinhas de pedra ou ferro disparadas pelas bombardetas portuguesas, que daqui a pouco chegarão com o mar. Vai morrer na flor da mocidade, sem mesmo ainda conhecer mulher e sem ter feito qualquer coisa de memorável. É certamente com a imaginação vazia que aqui desfruta desta viração anterior à morte, pois não viveu o bastante para realmente imaginar, como até hoje fazem os muito idosos em sua terra, todos demasiado velhos para querer experimentar o que lá seja, e antão deliram de cócoras com seus cachimbos de três palmos, rodeados pelo fascínio dos mais novos e mentindo estupendamente. (...)"
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quinta-feira, 17 de julho de 2008

Concurso inútil

O concurso de docentes, nomeadamente o de afectação dos professores dos Quadros de Zona Pedagógica, é uma tonteria pegada.
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Cria-se uma angústia terrível: a obrigatoriedade de ter de concorrer caso o professor não tenha componente lectiva atribuída, só o sabendo horas antes do prazo limite (nem os Conselhos Executivos o sabem ao certo, a tempo e horas, uma vez que muitas matrículas ainda estão por fazer); os inúmeros "erros" da aplicação informática (são tantas as variáveis e os condicionalismos não previstos que a máquina tem que emperrar); as trocas de mensagens de correio eletrónico entre as escolas e os professores com a DGRHE, por este ou aquele problema, este ou aquele erro, sem que a maior parte das situações sejam sequer esclarecidas...
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E tudo isto para ficar quase tudo na mesma, pois os professores que não tenham componente lectiva na escola deste ano, dificilmente terão noutra no próximo, ficando afectos administrativamente àquela. Mais: com a agravante de alguns deles serem objectivamente prejudicados, sobretudo os melhor graduados, pois basta que haja um horário para concurso no seu grupo de recrutamento para que o professor melhor graduado em concurso tenha que mudar de escola, ficando os restantes professores (por ausência de horário) na mesma. Isto porque na fase inicial do ano lectivo muitas horas ainda não foram atribuídas. A maioria destes docentes termina o ano lectivo com o horário completo (novas turmas, licenças de gravidez, apoios educativos, aulas de substituição...). Para quê estar a obrigar estes professores a mudar de escola (porque alguns deles acabam por mudar), quando em quase todas as suas escolas originais há necessidade dos seus serviços. Qual a lógica pedagógica?
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Chama-se a isto desperdício. Resultante de um manifesto desconhecimento da realidade no terreno.
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sábado, 21 de junho de 2008

Um novo modelo de competição

Os jogadores da selecção portuguesa de futebol e o seu ex-treinador deveriam penar frente a um aparelho de televisão a preto e branco (sim, a preto e branco, pois a arte não precisa de cor) e ver e rever o jogo de hoje da selecção russa frente à Holanda. A Rússia poderá não vir a ganhar este Campeonato da Europa, mas terá ganho o coração de milhares de adeptos de boa bola por esse mundo fora.
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Mas o que mais ressalva destes últimos jogos do Europeu é a falência do seu modelo de competição. As melhores equipas podem ser afastadas num jogo menos feliz. A Holanda é uma boa equipa. A Roménia é uma boa equipa. Portugal, com um pouco mais de disponibilidade física e vontade, é uma boa equipa... E, acima de tudo, a Grécia não teria sido campeã há quatro anos atrás!
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O modelo de competição mais justo é o verdadeiro "campeonato", em que cada um joga contra todos. O que pressupõe, numa competição de fim de época como esta, que não se façam mais de meia dúzia de jogos. Portanto, apenas oito equipas apuradas para a fase final e sete jogos cada (apenas mais um do que os finalistas no actual modelo). Ou, melhor ainda, apenas seis selecções: cinco jogos cada e uma final a duas mãos entre os dois primeiros, em que o jogo realizado entre ambas na primeira fase conte como terceiro jogo (obrigando o segundo classificado a ganhar os dois jogos se quiser ser campeão). Como se vê, há muitas variáveis possíveis e uma certeza: a vencedora seria realmente a melhor selecção.
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sexta-feira, 30 de maio de 2008

Amy Winehouse em Lisboa

Voltará?
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O concerto de Amy Winehouse no Rock in Rio Lisboa foi tão sofrível quanto inesquecível. A afonia audível e alcoolemia aparente não foram suficientes para ocultar a genialidade: a voz de Amy é inigualável; a banda é excelente; e a música, estranhamente revolucionária.
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Ouvir Amy é uma experiência atemporal: um pouco de orquestra americana, muito jazz, algum blues, bastante soul, rock que baste e inexplicavelmente pop. Descontando a dose de teatralidade tão apreciada nos dias que correm, de que outro modo se compreenderia esta paixão juvenil?
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Seja qual for o seu destino (e deseja-se que o seu sobrenome não seja premonitório), Amy Winehouse já tem um lugar na história da música.
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quarta-feira, 28 de maio de 2008

Sinal dos tempos

O número de pescadores desportivos que se vêem pelas margens do lindíssimo rio Vez é um sinal de vitalidade.
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Alguns homens desempregados (ou no seu tempo livre) já não estacam na tasca de rua ou café de aldeia em conversa indolente sobre o golo que não entrou nos últimos 5 minutos da partida do dia anterior... Alguns.
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O afã e cuidado com que guardam os seus troféus no cestinho de vime ou saco de plástico improvisado e a ausência de alegria pueril que denotam no momento da captura são reveladores: não pescam por passatempo, mas sim para comer. Sinal dos tempos.
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sábado, 12 de abril de 2008

Golpe de Mestre

O acordo alcançado entre o Ministério da Educação e os sindicatos de professores, anunciado ontem pelas partes, é uma vitória para Maria de Lurdes Rodrigues. Isto porque as cedências ou os recuos aparentes são isso mesmo - uma ilusão.
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A questão da avaliação dos professores e todas as discussões, manifestações e demais ruídos que criou, foi um subterfúgio, um meio para fazer esquecer o verdadeiro objectivo deste ministério: a divisão da carreira docente em dois patamares artificiais (e com um fim único: reduzir a despesa do estado com o sistema educativo). A avaliação dos professores é o meio que operaciona essa divisão. Este acordo sanciona-a, com a conivência dos sindicatos. Chapeau, senhora ministra!
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E todos ficamos a perder.
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quinta-feira, 3 de abril de 2008

Palavra que diz tudo

O Presidente da CONFAP (Confederação Nacional das Associações de Pais), senhor Albino Almeida, é uma personagem indizível.
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sábado, 22 de março de 2008

Viva o V. Setúbal!

Merecidíssima, a primeira Carlsberg Cup. Espírito de equipa notável; excelente organização; jogadores baratos e de grande qualidade; e um treinador brilhante.
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Apetece-me mudar de clube.
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Dois votos finais: que o V. Guimarães e o V. de Setúbal fiquem à frente do Sporting e do Benfica no campeonato, com acesso à Liga dos Campeões (que, para além de merecido, conduziria a uma revolução imprescindível para os lados do Estádio da Luz); e que o Paços de Ferreira - clube seriíssimo, trabalhador, abnegado - se consiga livrar da descida de divisão.
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quinta-feira, 20 de março de 2008

"A velha vai cair"

O video de "violência escolar" na escola secundária Carolina Michaelis ontem divulgado nos noticiários televisivos merece-me dois apontamentos. Escrevo "violência escolar" entre aspas por ter sido o conceito dominante nos comentários que se ouviram de jornalistas, professores, comentadores e sindicalistas. Erradamente, do meu ponto de vista. Não que não se possa descrever aquele comportamento inqualificável de "violência", mas sim porque é apenas o aspecto mais visível do evento, podendo esconder da consciência das pessoas duas tragédias bem mais graves:
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1º. A influência virulenta das novas tecnologias nos comportamentos humanos, em especial dos adolescentes. Neste caso, o telemóvel parece ser um prolongamento do corpo da aluna; quase a razão de ser da sua existência.
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A presença das novas tecnologias nas escolas (mesmo a sua utilização em contexto pedagógico) tem efeitos mais negativos do que positivos, ao contrário do que nos querem fazer crer. Como já aqui referi, o contributo das novas tecnologias para aprendizagens efectivas não é mais importante do que o de um lápis e uma folha de papel. É apenas mais um meio. Os alunos que trazem os seus portáteis para a escola não o fazem para os utilizarem como instrumentos de trabalho. Os telemóveis são gadgets de diversão, raramente os utilizam para uma necessidade real de comunicação.
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Muito se escreverá num futuro próximo sobre o seu efeito sobre a (des)atenção, a memória, a (de)formação da personalidade...
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2º "A velha vai cair" é uma das últimas frases que se ouve no referido video, proferida por um aluno (eventualmente o que filmou o evento) e tendo como referente a sua professora. Há uma certa "ditadura da juventude" no nosso discurso civilizacional. Os seus efeitos são aterradores.
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sábado, 8 de março de 2008

Barómetro

Se há um barómetro fiável e revelador do estado da educação em Portugal é a pergunta que faço todos os anos aos meus novos alunos e as respostas que a ela obtenho:
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Algum de vós quer/ gostaria/ já pensou em ser professor?
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É rara a resposta afirmativa e avassaladoramente rotundos os "nãos". Por que será?
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sábado, 1 de março de 2008

Concentração de Professores em Viana do Castelo

Já não há palavras para descrever o estado de alma dos 3 mil professores que hoje acorreram a Viana do Castelo. Talvez as imagens façam alguma justiça...
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sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

Ensaios sobre nós

Para quem se preocupa com o estado da democracia (em qualquer parte do mundo), aconselha-se vivamente a leitura do Ensaio sobre a Lucidez, do nosso controverso José Saramago. Tinha-o há meses na estante, a aguardar um pouco do meu tempo. Valeu a pena a espera. E como andamos todos um pouco cegos (ou porque sentimos que alguém nos trata como se o fôssemos), vale também a pena ler ou reler o extraordinário Ensaio sobre a Cegueira, que o precede.

sábado, 5 de janeiro de 2008

Fogo sem fumo

Ontem fomos beber uma sangria e comer uma chouriça assada ao Campeão, em Arcozelo. Tudo 5 estrelas, como se esperava. Como bónus, ao chegar a casa, a roupa cheirava a roupa.
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