domingo, 27 de maio de 2007

Médicos preocupados

Acabou de passar na SIC uma reportagem sobre um conjunto de doentes visuais portugueses que se deslocou à Ucrânia para tentar perceber se o seu estado de saúde era realmente irreversível, tal como lhes diziam em Portugal. Nem todos os doentes trouxeram esperança, mas muitos melhoraram o seu estado de saúde visual ou pararam o processo que os conduziria a uma cegueira "inevitável". Médicos preocupados foi o que encontraram na Ucrania, segundo uma das doentes.
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O que subjaz desta reportagem excelente não é a ideia de que os médicos portugueses não sejam ou não possam ser preocupados, mas sim a de que o sistema de saúde português não responde às necessidades dos seus doentes nem potencia essa qualidade fundamental de se ser um médico preocupado. Exijamos que os impostos que pagamos sejam usados em nosso benefício. A democracia também é isto.
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domingo, 20 de maio de 2007

Ainda haverá esperança?

Neste preciso momento, está a passar o filme Desperado no AXN, com o António Banderas e o Joaquim de Almeida. Sentei-me no sofá para fazer um pouco de companhia à minha esposa. Estava sentado há um minuto ou dois quando uma personagem diz:
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"Do we pay him or do we kill him?"
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A respectiva legendagem:
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"Pagamos-o ou matamos-o?"
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Não acredito que ainda haja disto na televisão portuguesa, mesmo que na cabo. É de ficar desesperado.
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sábado, 19 de maio de 2007

Um novo líder para o Benfica

Será que no universo vasto de sócios benfiquistas não há alguém que não tenha um estilo sarrafeiro, que não seja desonesto, que não esteja constantemente a aparecer perante as câmaras de televisão, que não seja sentimentalista ao ponto de despojar de bom senso a política de contratações...? Em suma, alguém que tenha perfil de líder?
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Curso de Sócrates: Piada provoca suspensão de professor

(Título de notícia de primeira página do Público de hoje)
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"Um professor de Inglês, que trabalhava há quase 20 anos na Direcção Regional de Educação do Norte (DREN), foi suspenso preventivamente das suas funções por ter feito um comentário humorístico sobre a licenciatura do primeiro-ministro, José Sócrates. A directora regional, Margarida Moreira, considerou o acto um insulto."
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Pergunto: que professor ou funcionário público já não fez um comentário semelhante sobre o primeiro-ministro no seu local de trabalho? Ou sobre a ministra da educação? Ou sobre a corrupção dos governantes? Suspenda-se toda a gente, bando de linguarudos! E, já agora, promovam-se os poucos que babam elogios a suas excelências.
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Leia-se o resto da notícia para outros considerandos.
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sexta-feira, 18 de maio de 2007

A perseverança da família McCann

É absolutamente extraordinário o alcance mediático do esforço da família McCann para não fazer esquecer o desaparecimento da sua filha de quatro anos. Não me ocorre uma situação semelhante. Desde a internet aos campos de futebol em competições internacionais, tudo é espaço para manter viva Madeleine. Esperemos que literalmente. Mas não posso deixar de perguntar-me se isto seria possível sem o factor da origem sociocultural e profissional desta família. E do seu poder financeiro, directo ou indirecto. Dá que pensar.
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domingo, 13 de maio de 2007

O meu palpite

Desde há quatro, cinco semanas que aposto com os meus colegas de trabalho que o Porto não ganha ao Aves na última jornada, perdendo o campeonato ao cortar da meta. É um daqueles palpites... Naturalmente manchado pela minha aversão a dragões e simpatia de longa data pela equipa da Vila das Aves.
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Mesmo tendo ainda esperança de que o Benfica possa arrebatar o título in extremis e com toda a improbabilidade, não tenho dúvidas de que quem o merece é o Sporting. Por duas razões: foi a equipa mais regular e, mais importante, porque tem uma equipa recheada de jovens portugueses. Uma aposta da direcção leonina que subscrevi desde início, em oposição à estratégia sentimentalista e tonta da direcção benfiquista.
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Venham rapidamente esses últimos 90 minutos de emoção e, espero, confirmação dos meus fantásticos poderes divinatórios, com o alto patrocínio do professor Neca.
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sexta-feira, 11 de maio de 2007

O Ministério da Educação e a estabilidade profissional do corpo docente

Tomemos como exemplo - verdadeiro - as colocações do professor x nos últimos 9 anos, em escolas que distam umas das outras um máximo de 16 quilómetros:
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98/99: escola 1
99/00: escola 1
00/01: escola 1
01/02: escola 1
02/03: escola 2
03/04: escola 1
04/05: escola 3
05/06: escola 3
06/07: escola 1
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Ressalve-se que:
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- o referido professor sempre deu prioridade à colocação na escola 1, exceptuando os anos lectivos 05/06 e 06/07, em que, farto de tantas manobras, procurou candidatar-se à escola 3 em primeiro lugar e à escola 1 em segundo;
- as colocações nos anos lectivos 99/00 a 01/02 tiveram lugar por destacamento para exercício de um cargo de orientação pedagógica, por iniciativa da escola; não tendo isso acontecido, o seu percurso teria sido ainda mais tortuoso;
- na escola 1 houve sempre horários a concurso, mesmo nos anos em que não foi lá colocado. Cabendo, necessariamente, aos professores a quem foram atribuídos esses horários um percurso de colocações idêntico;
- o percurso de colocações do professor x até pode ser considerado muito bom face a outros - inúmeros - exemplos, uma vez que as escolas em que foi colocado não estão muito distantes umas das outras.
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O ano passado, com pompa e circunstância, o Primeiro Ministro anunciou uma maior estabilidade na colocação dos professores nas escolas, através da afectação da maioria dos professores dos quadros a uma mesma escola por um período de 3 anos. Hoje, o professor x teve conhecimento de que, afinal, contra as suas expectativas, teria que concorrer obrigatoriamente para efeitos de graduação e, eventualmente, colocação.
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Algumas questões para reflexão:
- em que medida beneficiaram e beneficiarão as escolas, os alunos e o professor x (e todos os outros) desta gincana no processo de colocações.
- a escola 2 lembra-se do professor x?; os seus alunos nesta escola ficaram marcados pelo seu trabalho contínuo?; o professor x terá gostado de trabalhar na escola 2?
- o Ministério da Educação está mesmo preocupado com a qualidade dos processos educativos?
- serão o professor x, os alunos y e z e as escola 15 e 30 apenas letras e números?
- quem é que anda a brincar com quem?
- isto é um país?; e se o é, para onde vai?
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quinta-feira, 10 de maio de 2007

Lisboa e a lei do voto

Lisboa vai a votos. Não sou lisboeta, mas preocupo-me. Os candidatos que se perfilam são os mesmos do costume. Ainda que entre eles haja alguém competente e sério, nenhum deveria receber os votos dos lisbonenses. Por uma razão apenas: para acabar de vez com esta cumplicidade sustentada pelos partidos políticos. Uma ruptura absolutamente necessária. Que começe na capital!
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quarta-feira, 9 de maio de 2007

Direitos raptados

Algumas famílias portuguesas de crianças raptadas ou desaparecidas têm razões óbvias para se sentirem indignadas: o destacamento policial e de investigação criminal afecto ao caso Madeleine McCann é manifestamente desproporcionado relativamente ao que foi disponibilizado para as situações infelizes de que foram e ainda são vítimas. Quem terá a coragem de explicar isto?
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domingo, 6 de maio de 2007

Alberto João Jardim

Goste-se ou não deste dinossauro madeirense (truculento, irascível, rude, autoritário, fanfarrão, etc, etc.), dê-se a mão à palmatória: defende os seus eleitores como muito poucos neste país; se cada deputado ao parlamento pugnasse pelo desenvolvimento dos respectivos círculos eleitorais como este madeirense camaleónico, o país seria necessariamente diferente para melhor. De outro modo, como justificar que 64,2% dos madeirenses o tenham escolhido novamente para líder? A história de que são manipulados ou ignorantes já não pega, mesmo que o sejam. A razão é clara: Alberto João Jardim é um homem do povo: simples, prático e objectivo. Tudo o que a grande maioria dos nossos políticos não quer ou não sabe ser. Todos os seus inúmeros defeitos, paradoxalmente, por naturais, ajudam a reforçar todas as suas virtudes. Goste-se ou não.
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quinta-feira, 3 de maio de 2007

Prender o fumo

Há problemas que não têm solução no meio termo. A questão da proibição de fumar em espaços públicos não pode distinguir estabelecimentos com área x de outros com área y; não pode outorgar aos proprietários o direito de decidir pela proibição ou a permissão; não pode compadecer-se com interesses corporativistas ou egoístas. Veja-se o que sucedeu em Espanha, onde a grande maioria dos estabelecimentos que decidiram pela proibição tiveram que voltar atrás ou encerrar. Contrariamente, veja-se o que sucedeu na Irlanda, em que a proibição total foi um sucesso.
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Os factos são claros: o tabagismo é manifestamente prejudicial à saúde dos que fumam e dos que não fumam; setenta por cento da população portuguesa não é fumadora; oitenta e muitos por cento são favoráveis a medidas restritivas; os direitos individuais só fazem sentido quando não colidem com os direitos dos outros...
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Quaisquer outros argumentos só podem ser motivados por interesses particulares ou económicos. Se o bom senso imperar, proibe-se totalmente o fumo em espaços fechados. Os fumadores exercerão o seu direito ao prazer de um cigarro ao ar livre. E que bem lhes fará!
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quarta-feira, 2 de maio de 2007

res publica

Plano de intenções: Este Fulgor Baço da Terra procurará ser um espaço de exercício da cidadania, em considerandos que tanto tocarão um certo Fernão Barbudo/ que plantava couves em Oliveira do Hospital como os temas mais prementes do nosso pequeno mundo.